Mortes de crianças e mães em Roraima expõem falhas estruturais e de gestão na saúde pública

Foto: Divulgação

Entre 2020 e 2023, 714 crianças e 90 mães morreram na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, em Roraima, números que evidenciam a crise no sistema de saúde do estado.

O dado alarmante foi revelado por uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), que identificou taxas de mortalidade bem acima da média nacional, especialmente durante o período em que a maternidade operou de forma improvisada em tendas e lonas, de 2021 a 2024.

Falta de pré-natal e estrutura precária

A Secretaria de Saúde de Roraima (Sesau) atribuiu as mortes a fatores como ausência de pré-natal, gravidez recorrente e atendimento de pacientes de países vizinhos, como Venezuela e Guiana. No entanto, o TCU destacou que a Sesau deveria atuar de forma integrada com os municípios para melhorar a atenção básica e fomentar orientações sobre gravidez e cuidados neonatais, apontando falhas na coordenação e execução dessas ações.

Além disso, a auditoria encontrou graves problemas estruturais na maternidade provisória, com riscos de infecção hospitalar, especialmente na UTI Neonatal. O improviso e a insalubridade da estrutura foram destacados como agravantes para o cenário trágico.

Gestão questionada e exonerações

A saúde pública em Roraima também enfrenta turbulências administrativas. Recentemente, o governo exonerou diversos comissionados, incluindo servidores de setores cruciais, como o que atende ex-servidores para auxiliar no enquadramento de direitos. Enquanto isso, as nomeações para cargos importantes seguem atrasadas.

Desvios de foco e contratos milionários

Apesar da crise, a Secretaria Estadual de Educação firmou recentemente um contrato de R$ 4,2 milhões com uma empresa de Recife para implantação de uma plataforma de gestão de dados. O investimento levanta questionamentos, já que problemas básicos, como filas para matrículas escolares, continuam a afetar a população.

Impactos sociais e falta de respostas

A crise em Roraima revela não apenas falhas de infraestrutura, mas também uma gestão que parece desconectada das necessidades prioritárias da população. O TCU segue cobrando respostas e ações concretas, enquanto o governo estadual precisa urgentemente reverter esse cenário, priorizando a saúde básica e a qualidade dos serviços essenciais.

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